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(19/07) Problemas financeiros do Terceiro Setor aumentam na pandemia

A pandemia da covid-19 impactou setores econômicos, políticos, culturais, históricos e sociais. No que diz respeito a esta última área, as restrições determinadas para combater o coronavírus atingiram fortemente a saúde financeira das entidades do Terceiro Setor. Organizações da sociedade civil que prestam os mais diversos tipos de serviços em diversas áreas – saúde, educação, esporte, cultura etc. –, principalmente direcionados à população mais vulnerável, perderam receita considerável devido à queda no número de doações e à impossibilidade de realizar eventos por causa da quarentena contra o coronavírus.


Segundo pesquisa coordenada pelas consultorias Mobiliza e Reos Partners, e co-financiada pela Fundação Tide Setúbal, Fundação Laudes, Instituto ACP, Instituto Humanize, Instituto Ibirapitanga, Instituto Sabin e Ambev, 73% das organizações disseram que tiveram queda na captação de recursos este ano e 87% tiveram todas ou parte das suas atividades principais interrompidas ou suspensas. Em 33% houve demissões ou redução de salários e jornada de trabalho e 44% registraram perda de voluntários ativos. Além disso, 40% dos que ficaram reportaram aumento do estresse e sobrecarga de trabalho. A pesquisa ouviu 1.760 representantes de organizações em todas as regiões do país, entre 18 e 31 maio.

De acordo com a presidente da Associação de Amparo ao Excepcional Ritinha Prates, entidade mantenedora do Hospital Neurológico Ritinha Prates, de Araçatuba (SP), Vanilda Maria Barbosa (Vanda), o número de doadores caiu cerca de 6% nos últimos dois anos. “Foram aproximadamente 1000 doadores a menos. Essa perda é muito significativa para a nossa entidade, pois os repasses do SUS arcam com 60% das nossas despesas, e o restante vem de doações e de eventos, que deixamos de realizar durante a pandemia”, explica Vanda.

Despesas em alta

A presidente da Ritinha Prates comenta ainda que, para piorar a situação, nos últimos dois anos as despesas da associação aumentaram, em média 20%. “Todos os nossos insumos tiveram alta significativa. Os mais representativos no nosso caso são energia elétrica, dieta enteral, fralda, medicamentos e material hospitalar, gêneros alimentícios, material de limpeza e lavanderia”. Os alimentos foram os itens que tiveram a maior alta individual, passando de uma média de R$ 11.881,93, gastos mensalmente até o início de 2020, para R$ 19.986,94, no ano passado (alta de R$ 68,21). 

Vanda ainda lembra que, em meio à conjuntura financeira ocasionada pela covid-19, também aumentou a demanda de grande parte das entidades do Terceiro Setor. Ou seja, as entidades estão trabalhando mais para acolher o cidadão que não consegue ser atendido pelo Estado e contando com menos recursos para isso. “A situação é cruel, pois ONGs, institutos, fundações, associações e coletivos, de forma geral, estão sofrendo com a entrada de receita e o aumento de despesas, embora tenham um papel estratégico de articular e facilitar a entrega de doações que empresas estão fazendo para as causas ligadas à covid-19”. 

Soluções

Para gestores do Terceiro Setor, a solução para as entidades sobreviverem a este momento difícil é serem proativas, tentarem adaptar-se à situação atual, arranjarem alternativas para captar recursos e comunicar com a sua comunidade. Ou seja, o panorama de reestruturação forçada representa também uma oportunidade para melhorar as competências da equipe para serem mais produtivos e eficientes.

“É o que estamos fazendo na Ritinha Prates, desenvolvendo estratégias para o trabalho remoto, analisar detalhadamente o impacto da covid-19 na entidade e melhorando processos, planejando ainda mais a parte financeira, comunicando e ampliando a nossa rede de contatos. O fato é que a condição das entidades está realmente muito complicada. Neste momento, mais do que nunca, todas necessitam da compreensão e da generosidade do cidadão em condição de doar e da sociedade civil organizada”, finaliza Vanda.

O Terceiro Setor engloba organizações e entidades da sociedade de interesse público, que não possuem fins lucrativos (ONGs, associações, fundações, entidades beneficentes, organizações sociais). Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), existem mais de 800 mil organizações em todo o território nacional. As organizações da sociedade civil empregam diretamente mais de 3 milhões de profissionais, gerando movimentação aproximada de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

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