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(20/09) Biomassa ganha importância no cenário crítico de crise hídrica e possível racionamento de energia elétrica
A estiagem prolongada, as altas temperaturas, o volume cada vez mais baixo dos reservatórios das hidrelétricas, o pedido de economia na conta de luz por parte do Governo Federal, são alertas do risco de racionamento de energia elétrica no Brasil. A gravidade da crise hídrica levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a autorizar o acionamento de termelétricas e consequentemente a criar uma nova bandeira tarifária, chamada bandeira tarifária ‘escassez hídrica’. O novo valor da taxa extra é de R$ 14,20 pelo consumo de 100 kWh, com vigência de 1º de setembro de 2021 a 30 de abril de 2022.

Ocorre que, de acordo com o diretor da AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste) e conselheiro do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo), José Luiz Fares, que é engenheiro eletricista, do ponto de vista ecológico o uso de termelétricas não é nada interessante. Isso porque elas queimam combustíveis fósseis (que contribuem com o aquecimento global). Para o especialista, é muito mais vantajoso usar combustíveis renováveis na geração de energia elétrica, como é o caso da biomassa da cana-de-açúcar.

“O uso da biomassa se encaixa perfeitamente neste cenário, pois é uma solução muito mais sustentável na geração de energia elétrica. O processo de cogeração das usinas e destilarias minimiza as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) no meio ambiente, evitando assim a deterioração ambiental. É preciso levar em conta que o Brasil deve produzir 592 milhões de toneladas na safra 2021/2022, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Ou seja, temos muito desse combustível para gerar energia elétrica”, afirma Fares.

Economia

A cogeração de energia vem sendo adotada com bastante regularidade em usinas sucroalcooleiras brasileiras, caracterizadas por gerar altos volumes de bagaço de cana, onde para cada tonelada de matéria-prima usada, são gerados cerca de 250 kg de bagaço de cana. Para tornar as usinas autossustentáveis em energia, a queima desse tipo de biomassa é utilizada para a gerar energia elétrica tornando a produção renovável e com menores impactos ambientais. Além disso, com o avanço da tecnologia, a cogeração vem se tornando cada dia mais eficiente, possibilitando que as usinas sucroalcooleiras vendam os seus excedentes.

No entendimento do diretor da AEAN, as usinas e destilarias têm potencial significativo para contribuir com soluções para a crise energética nacional. Fares cita estudos do INEE (Instituto Nacional de Eficiência Energética) para dizer que o Brasil conta com as condições necessárias para dar um novo impulso ao uso de fontes renováveis cujos custos tendem a decrescer, na contramão das expectativas quanto aos combustíveis fósseis que tendem a ficar mais escassos e taxados para reconhecer suas externalidades.

“A solução para a crise energética necessita de um esforço conjunto de todos os envolvidos neste processo, começando pelo Governo Federal, que precisa regular leis e normas que estimulem e facilitem a produção e a comercialização da energia cogerada pelas empresas sucroalcooleiras. Na ponta final, o consumidor também tem que fazer a parte dele, economizando. E os engenheiros da área, por dever de ofício, precisam estudar e ficar atentos a novidades, técnicas e tecnologias que ajudem a sociedade a enfrentar o atual panorama, que pode se repetir daqui pra frente”, comenta Fares.

À agência de notícias Reuters, o gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Zilmar de Souza, disse recentemente que as usinas à biomassa em geral ajudaram entre janeiro e novembro deste ano a poupar cerca de 17 por cento da energia armazenada nos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste. “A geração de energia pela biomassa, não intermitente em época de estiagem, certamente contribuiu para a redução do custo final da operação do sistema para o consumidor”, defendeu ele. As unidades abastecidas com biomassa de cana representam cerca de 80 por cento da capacidade de geração com biomassa.

Renovabio

A cogeração de energia no Brasil a partir da biomassa de cana-de-açúcar tem potencial para crescer cerca de 57 por cento até 2030, na esteira do RenovaBio, política de biocombustíveis que promete impulsionar o setor sucroenergético do país. Atualmente, a capacidade instalada em usinas de cogeração movidas com cana é de 11,4 gigawatts, e mais 6,5 gigawatts poderiam ser adicionados nos próximos anos, projetou o presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Newton Duarte. No ano passado, das 367 usinas de cana no país, 209 comercializaram eletricidade para a rede, conforme levantamento da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Sancionada no fim de 2017, a Política Nacional de Biocombustíveis ainda passa por regulamentação e se insere na agenda de redução de emissões de carbono assumida pelo Brasil no Acordo do Clima de Paris. Pelas estimativas do próprio governo, o programa pode gerar investimentos de 1,4 trilhão de reais até 2030. A expectativa, portanto, é de que o RenovaBio reverta anos de crise no setor sucroenergético, contribuindo para um aumento da produção de cana e, consequentemente, da disponibilidade de biomassa.
 

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