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(18/10) Vai sobreviver o comerciante que reaprender, diz César Braga

Entrevista da Folha da Região, publicada em 18/10/2020, na página A3.


Araçatuba
Julia Smanioto
reportagemfr@gmail.com

O empresário César Braga, de Araçatuba (SP), defende que a adaptação aos novos tempos é fundamental para quem quiser sobreviver no mundo durante e pós pandemia da Covid-19 (coronavírus). Em entrevista à Folha da Região, ele afirma que é imprescindível que o lojista, assim como todo pequeno e médio empresário, deve ter humildade para voltar a aprender sobre o seu ramo de atividade, principalmente com o avanço do e-commerce.

Braga também fala sobre a importância da qualidade e a criatividade no comércio, e afirma que erra mais quem acha que existe uma fórmula mágica, pois cada cliente é um mundo em particular. “Bom comerciante é aquele que sabe oferecer aquilo que o cliente procura, da forma mais honesta e simples”, disse.

Leia a entrevista:

A pandemia da covid-19 acelerou o processo de adesão dos comerciantes às redes sociais. Como o senhor vê este movimento?
O que era apenas uma tendência passou a ser essencial. Usar as redes sociais era, antes da pandemia, algo ‘moderninho’. O comerciante usava como uma extensão de sua vitrine. De uma hora para a outra ele se viu obrigado a aprender a vender pelos meios eletrônicos e se deparou com novos termos, como busca orgânica, jornada de compras e site responsivo.

Vimos surgir um novo mundo, o que, na minha visão é muito bom. Para mim, criatividade e qualidade é tudo no comércio. E as redes sociais dão possibilidade de a gente fazer chegar nossa mensagem para um grupo maior de pessoas.

O senhor acredita que o e-commerce vá substituir as lojas físicas?
Talvez esta seja uma realidade mais próxima das grandes redes, que vendem produtos da linha branca. Hoje, para eles, vender por site e transformar as lojas em grandes galpões de distribuição e retirada de objetos é vantajoso.

Mas para quem presta serviços, como é o meu ramo, de ótica, por exemplo, não vejo este cenário. O atendimento personalizado é uma marca para o médio e o pequeno comércio.  Ainda há a necessidade da presença diante de um profissional treinado para ajudar na melhor escolha, na curadoria. Para nós, o comércio virtual é uma ferramenta a mais, apenas. Soma, mas não substitui.

Como usar a criatividade nas redes sociais?
O empresário, primeiramente, tem que voltar a estudar para poder ter sucesso neste novo mundo. Não basta postar fotos, se demora para atualizar e a responder ao cliente. O que era para ser um atrativo acaba se tornando um problema.

Quem quiser ter sucesso no e-commerce tem que procurar uma mentoria, aprender sobre fluxos e entender sobre jornada de compras. Eu sempre tenho dito aos mais próximos que no mundo de hoje somos cada dia mais aprendizes. Tem que se ter humildade e buscar o amparo de quem sabe. 

O senhor falou anteriormente sobre atendimento personalizado. Qual o segredo de um bom atendimento?
São vários fatores, que envolvem diversas vertentes. Erra mais quem acha que existe uma fórmula mágica. Cada cliente que chega em usa loja física é um mundo em particular. Quem o recebe tem que estar pronto para entender isso e ler os sinais. Há, por exemplo, os que gostam de uma boa conversa, outros que são mais diretos. Também o ambiente influencia na qualidade do atendimento.

Eu tenho aprendido, ao longo do tempo, que o bom comerciante é aquele que sabe oferecer aquilo que o cliente procura, da forma mais honesta e simples. Esta coisa de tentar empurrar o mais caro, de tentar influenciar nas decisões do cliente pensando só no lucro, é a fórmula da derrota.

Como montar, então, uma equipe preparada para manter o nível do atendimento?
O comerciante tem que saber escolher seus parceiros, incentivar, dar treinamentos e criar, antes de tudo, um ambiente saudável em sua empresa. Estes fatos, sem dúvida alguma, vão refletir positivamente na qualidade dos trabalhos e no atendimento.
No mercado de trabalho, como em toda a sociedade, temos pessoas de todos os tipos. Cabe ao empresário saber observar as potencialidades e incentivar a qualidade. Ninguém nasce pronto e se desenvolver constantemente é uma realidade do mundo atual. 

Como o senhor vê este momento de retomada da economia?
Todos fomos afetados de alguma forma pela necessidade de fechar as portas durante o auge da pandemia. Na Europa, países como a França e a Alemanha estão voltando atrás em algumas aberturas. Mas, apesar de o medo ainda estar presente, o nível de comércio melhorou muito com a reabertura gradual.

Eu sou uma pessoa muito otimista e empreendedora, então vejo os desafios sempre com alguma boa disposição. Sinto por quem teve que fechar seu negócio definitivamente, pelos empregos perdidos. Quem conseguiu se adaptar mais rápido teve mais sucesso na manutenção de sua loja ou fábrica. Então, acho que esta é a palavra de ordem, neste momento:  resiliência pela adaptação rápida ao novo cenário.

Como o senhor acredita que será o mundo pós-pandemia?
Em primeiro lugar, temos que ter consciência de que a pandemia não acabou. Ela está aí e tem gente morrendo todos os dias. Me entristece ver muitas pessoas vivendo como se o pior já tenha passado.

Depois, olhando para a frente, vejo que o mundo se dará conta de que é precisamos um do outro para viver melhor. Acho que a pandemia acaba de vez com aquela antiga ideia de que cada um é uma ilha e sobrevive o mais forte. Somos uma aldeia. Tanto que podemos ver que a questão ambiental hoje é uma pauta presente até em ambientes como a bolsa de valores.

Em relação ao comércio, é bem o que conversamos antes. Aquele que tiver maior capacidade de adaptação e tiver humildade para reaprender terá chance de sucesso. Quem acha que sabe tudo, não valoriza sua equipe e quer o lucro pelo lucro não vai sobreviver. É a seleção natural das coisas.

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