(27/02) Mindful eating: uma nova forma de encarar a alimentação
Dar mais atenção ao que se coloca na boca, e, assim, aproveitar a refeição de forma mais saudável e saborosa. Basicamente, esta é a proposta do mindful eating, método derivado do mindfulness (técnica de meditação baseada na atenção plena, que contribui no aspecto pessoal e profissional, aumentando a concentração e o foco, e também reduzindo o estresse e a ansiedade), que promete tornar a dieta mais gostosa e saudável.
“Na prática, trata-se de um caminho para explorar a forma como comemos, para perceber as nossas escolhas, notar como cada alimento age no nosso corpo e o que queremos comer e beber em cada momento do dia”, explica Ana Karina Salles, instrutora de yoga e mindfulness para crianças e adolescentes, e que, juntamente com a nutricionista materno infantil Daniele Hara, realiza mensalmente em Araçatuba (SP) uma oficina culinária com práticas de mindful eating.
Durante a ação, os participantes fazem exercícios que envolvem a apresentação dos ingredientes (com destaque para frutas), a preparação dos alimentos, aplicação de práticas de midfulness (o começar a comer, sentir-se presente, respirações para trazer para o momento, desfrute das cores, formas, texturas dos alimentos, os aromas envolvidos, saboreando cada pedaço e sentindo o que isso desperta), e, ao final, todos levam pra casa uma pasta com material com as receitas executadas e dicas de como se alimentar corretamente.
“O método propõe um relacionamento curioso com o alimento, ancorado nos cinco sentidos e no não julgamento. Uma prática de autoconhecimento e revisão dos hábitos à mesa com o objetivo de dar novos significados e propósitos à nossa alimentação. Quanto mais cedo despertarmos essa consciência, mais saudável será o nosso mundo”, afirma Daniele.
Experiência gastronômica
De acordo com a nutricionista, o objetivo é criar uma experiência gastronômica com uma atitude de abertura, aceitação, suavidade e amizade desde a infância. “Crianças dividem os alimentos entre bons e ruins, muitas vezes negando até o ato de experimentar. O mindful eating traz um novo olhar para o contexto da alimentação”, diz Daniele.
Na oficina culinária os participantes aprendem que é preciso estar realmente presente durante as refeições e sentir o que o alimento pode proporcionar, desde nutrir o corpo, os sentidos, até nutrir a mente e o coração. “A criança desperta uma relação positiva com a comida levando para a vida adulta a consciência e os benefícios de se alimentar de forma saudável. Queremos internalizar a proposta do mindful eating na rotina. Plantamos hoje e colheremos para sempre esses benefícios”, reflete Ana Karina.
Reconexão
Para a nutricionista e para a instrutora, na era da conexão digital as pessoas realizam as tarefas do dia a dia de forma automática e sem muita consciência. E isso ocorre com adultos e crianças, desconectando os indivíduos do mundo e da alimentação. “Muitas vezes, saímos comendo o que tem pela frente, distraídos com o celular, dirigindo ou no computador, sem ouvir o que nosso corpo tem a nos dizer. É dessa forma que estamos nutrindo o corpo e isso pode nos trazer insatisfações”, comenta Ana Karina.
A prática da alimentação consciente oferece a possibilidade da reconexão. “Podemos incluir as práticas mindful eating desde a preparação dos alimentos, à escolha dentre as opções, combinações e, para quem gosta, até o ato de cozinhar. Desfrutar desse momento para estar presente entre cortar um legume, refogar, esquentar a água, notando cada passo da sua receita e as incríveis transformações que vão ocorrendo”, finaliza Daniele.
Avaliação dos participantes
De forma geral, todas as crianças que participam da oficina saem maravilhadas com as descobertas, como Miguel Ferrari, de 9 anos, que aprendeu “a fazer comidas saudáveis e também a não julgar se é bom ou ruim”. Paula Mazza, de 10 anos, compartilha da mesma opinião sobre não prejulgar o alimento. “Também adorei ser chefe de cozinha, ainda mais aprender a cozinhar brincando”, diz.
Para Samuel Arnold, de 10 anos, que afirma já ter alguma experiência na atividade, pois havia cozinhado outras vezes, a ação foi foi muito proveitosa. “Aprendi como o mindful eating é importante. Quanto a cozinha, eu amo dominar essa habilidade”. Luiza Fagnani, de 10 anos adorou participar da oficina porque “é bom comer comida saudável e aprender receitas novas”. E João Francisco Forastieri, de 10 anos, resume bem o que guardou dos ensinamentos: “O que mais aprendi é que todas as comidas devem ser comidas, pois fazem bem pra saúde”. Simples assim.
