(03/02) Ritinha Prates começa aplicação de toxina botulínica pelo SUS
O CER III Ritinha Prates (Centro Especializado em Reabilitação), de Araçatuba (SP), começou a oferecer nesta semana aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) a aplicação de toxina botulínica. Até então, para ter acesso ao tratamento com a substância, os pacientes tinham que ir à unidade da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, em São José do Rio Preto (SP).
Seis pessoas foram atendidas na unidade recebendo a primeira dose da toxina. As aplicações foram feitas pela neurologista Fabiani H. B. Lourenço, que é especializada no procedimento. Ela avaliou mais de 60 pessoas triadas pela equipe do CER, como vítimas de AVC (acidente vascular cerebral) e crianças com espasticidade (sequela de lesões do sistema nervoso central que provoca descontrole do tônus muscular tendendo à rigidez e à dificuldade de movimentos).
“A dosagem e a quantidade de aplicações varia de um paciente para outro. De forma geral, o efeito do remédio dura de três a seis meses, e contribui sensivelmente no tratamento dos distúrbios de movimento, assim como na adaptação de órteses (dispositivos prescritos por um médico em caso de acidentes, doenças do sistema locomotor ou sistemas de sustentação e promovem a recuperação). Agora, vamos avaliar a resposta dos pacientes a estas primeiras aplicações para agendar as próximas”, explica a neurologista.
Toda a equipe está animada com o início das aplicações, pois trata-se de algo inovador para o CER III e para os usuários. O Centro foi credenciado em novembro do ano passado para poder realizar este tipo de tratamento. A iniciativa de solicitar o credenciamento surgiu da demanda indicada pelos próprios usuários do equipamento, que passam por outros tratamentos na unidade de Araçatuba, mas tinham que ir a Rio Preto para a aplicação da toxina.
Como age a substância
A toxina botulínica é um composto de bactérias que age na placa responsável pela transmissão do estímulo nervoso que produz a contração muscular, dificultando a transmissão do estímulo e levando ao relaxamento da musculatura. Nos últimos 20 anos, foram vários trabalhos mostraram que, em baixa concentração, a substância pode ser usada para relaxar músculos contraídos, que é um sintoma de patologias, como as lesões cerebrais.
Como consequência dessas situações, surge distúrbio do tônus muscular, sendo que o músculo se torna muito mais excitável, extremamente contraído, o que provoca alteração dos movimentos e da postura. A toxina é utilizada para tratar as sequelas de lesões do sistema nervoso central. Atualmente, as mais comuns são as provocadas por lesões encefálicas adquiridas por causa de traumatismos de crânio e pelas provocadas por derrames cerebrais e paralisia cerebral.
Muita gente conhece o efeito da toxina botulínica quando usada com finalidade estética, para atenuar rugas do rosto. A musculatura relaxa e a expressão fica menos contraída. Esse é, porém, seu uso marginal, porque há outros muito mais importantes para garantir a qualidade de vida de alguns pacientes, como é o caso da utilização terapêutica que será feita na Ritinha Prates.
A Ritinha Prates
Sem fins lucrativos, a Associação de Amparo do Excepcional Ritinha Prates existe há 43 anos, e trabalha na área da saúde e inclusão social, por meio do Hospital Neurológico Ritinha Prates, com a prestação de serviços especializados a pessoas com deficiências neurológicas profundas e irreversíveis. Atualmente, atende 60 usuários internos. A entidade também é a mantenedora do Centro Especializado em Reabilitação III – Ritinha Prates (CER III Ritinha Prates), que presta cerca de 500 atendimentos por mês.
Entre os valores da associação, que atende exclusivamente por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), usuários de 40 municípios vinculados ao DRS-2 (Departamento Regional de Saúde), está o tratamento humanizado, além do respeito a conceitos éticos, morais, ambientais e filantrópicos.