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(14/05) Portadores de tetraplegia recomeçam a vida após tratamento
Irreversível e transformadora. Do ponto de vista físico, a tetraplegia é cruel, pois torna o portador depende de outras pessoas, obrigando-o a mudar totalmente sua perspectiva de vida. Trata-se de uma das limitações físicas mais severas impostas ao corpo humano. No entanto, por mais complexa que a nova situação seja, há tetraplégicos que conseguem reconstruir o sentido da sua própria existência. Isso demanda uma enorme força de vontade, que envolve engajamento da família, tratamento intenso e de longo prazo, como o oferecido pelo CER III (Centro Especializado em Reabilitação) Ritinha Prates.
 
Após hiatos corporais e psicológicos traumáticos, pessoas que tiveram as suas histórias interrompidas passaram a escrever os capítulos seguintes com a ajuda de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais do CER. No equipamento são realizados 500 atendimentos ao mês, sendo 150 em reabilitação física, e o restante distribuído entre casos auditivos e visuais. Seis pacientes são portadores de tetraplegia. André e Gabriel são dois deles.
 
André, 43 anos
 
Hoje, com 43 anos, André Luís Mendes da Silva trabalhava como motorista particular em 2013, quando, no dia 19 de novembro, sofreu um acidente automobilístico próximo a Campo Grande (MS), fraturou as vértebras C3, C4, C5, C6 e C7, e ficou tetraplégico. Até o ano passado, ele morava em Andradina com os pais, mas, ao passar a fazer tratamento no CER III Ritinha Prates, mudou-se para Araçatuba.
 
Os atendimentos no equipamento da Associação de Amparo ao Excepcional Ritinha Prates começaram em janeiro de 2018. O coordenador de reabilitação física, Marcos Adriano Mantovan lembra que Silva não tinha controle de tronco, nem força muscular nos membros superiores. “Começamos um trabalho chamado ortostatismo, para melhorar a pressão arterial e o fluxo venoso. Hoje, trabalhamos para que o André consiga controlar o tronco. A meta é fazer que ele se transfira sozinho, da cama para a cadeira, da cadeira para a cama”, explica Mantovan.
 
O próprio usuário reconhece que a evolução é surpreendente. “Durante quatro anos, eu fiquei em casa, o tempo todo deitado em uma cama. Quando me colocavam na cadeira de rodas, eu não tinha firmeza e acabava escorregando. Agora, é bem diferente. Consigo coordenar sozinho a cadeira motorizada que recebi no CER. Além disso, antes eu não conseguia comer sozinho. Hoje, consigo. O tratamento no CER fez toda a diferença na minha vida”.
 
Gabriel, 22 anos
 
Durante um treino de jiu jitsu, em 2017, o estudante Gabriel Espósito Félix, hoje com 22 anos, morador de Buritama (SP), fraturou as vértebras C4 e C5. De lá pra cá, a vida dele nunca mais foi a mesma. O aluno do terceiro ano de biocombustíveis na Fatec abandonou o curso e passou a ser totalmente dependente do pai e da mãe. “Eu não tinha nenhum controle do meu tronco, nem movimento dos braços e a minha pressão era instável”, conta Félix.
 
O tratamento no CER III começou em junho do ano passado. Atualmente, ele faz três sessões por semana. Nas atividades de fisioterapia faz exercícios para ganhar força, mobilidade e controle de tronco; na terapia ocupacional trabalha estímulos sensoriais táteis, com o objetivo de normalizar a sensibilidade, e também é estimulada a apreensão palmar, para manter amplitude e funcionalidade das mãos.
 
“Sinto que estou evoluindo. Já tenho algum controle do tronco, movimento um pouco o braço direito e a minha pressão finalmente estabilizou. A evolução é lenta, mas entendo que é assim mesmo que deve ocorrer, de forma gradual, haja vista a gravidade do meu problema. Estou bem satisfeito, pois aos poucos a minha vida vai melhorando. É um recomeço”, conclui.

CER III Ritinha Prates é referência regional

O Centro Especializado em Reabilitação é um ponto de atenção ambulatorial especializada em atendimento especializado em reabilitação, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde no território. Todo o atendimento realizado no CER é realizado de forma articulada com os outros pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, por meio de Projeto Terapêutico Singular, cuja construção envolverá a equipe, o usuário e sua família.

O equipamento da Associação de Amparo ao Excepcional Ritinha Prates é direcionado ao atendimento de pessoas com deficiências auditiva, física e visual, de qualquer os sexos e idades encaminhadas pelos serviços de saúde da região de abrangência da Departamento Regional de Saúde (DRS) II – 42 municípios da região de Araçatuba, que somam população de aproximadamente 730 mil pessoas. O objetivo é promover o estabelecimento e cumprimento das ações voltadas à qualidade de vida desse segmento, assegurando a igualdade de oportunidades às pessoas portadoras de deficiência. A garantia deverá resultar no provimento de condições e situações capazes de conferir qualidade de vida, com a plena observância do arcabouço legal específico, como é o caso do Decreto n.º 3.298/99 e a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência.

De acordo com o coordenador de reabilitação física do equipamento, Marcos Adriano Mantovan, os usuários que estão em reabilitação no CER III Ritinha Prates são acompanhados por profissionais capacitados e recebem todos os tipos de estímulos junto á equipe multidisciplinar, visando um só objetivo, que é a funcionalidade do usuário. “O CER realiza um trabalho diferenciado, ofertando a reabilitação complementada com a tecnologia assistiva (dispensação de cadeira de rodas motorizada, próteses e órteses, por exemplo), que dá independência e reintegração social ao usuário. Mas a evolução depende muito do grau da lesão e varia de um usuário para outro. A qualidade de vida após a lesão medular está muito associada à abordagem multidisciplinar que deve ser instituída desde a fase aguda do problema”, finaliza Mantovan.
 
No Brasil há cerca de 200 mil pessoas com tetraplegia
 
A tetraplegia é uma forma de paralisia causada por alguma lesão ou doença e resulta na perda parcial ou total do uso de tronco e membros. Geralmente, os nervos sensoriais e motores dessas partes do corpo são afetados, o que significa que se perde tanto a sensação quanto o controle sobre elas.
 
As quedas são responsáveis por 23% dos casos de tetraplegia no Brasil, de acordo com dados de atendimento da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação). A violência, como ferimentos por arma de fogo, lidera como causa da paralisia, chega a representar 40% dos episódios. Acidentes automobilísticos e atropelamentos são responsáveis por 28% das ocorrências, mergulho por 7% e causas tumorais, vasculares, degenerativas, infecciosas ou inflamatórias somam 2%, segundo a associação.
 
As lesões mais comuns no Brasil são nas vértebras C5, C6 e C7 e quanto mais “alta” for a fratura, mais grave é o prognóstico, de acordo com levantamento do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, de São Paulo (SP).
 
Embora o Censo de 2010 não forneça dados detalhados, de acordo com levantamento da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), estima-se em cerca de 200 mil pessoas portadoras de tetraplegia no Brasil. Sob diversos aspectos, um indivíduo tetraplégico está em ampla desvantagem em relação a uma pessoa sem esse problema. Ele está impedido de andar, e como existe a deficiência nos membros superiores, também tem muita dificuldade para acionar dispositivos que exijam atuação de ordem física, como cadeiras de rodas. Um tetraplégico normalmente também não tem controle das suas funções excretoras, e assim, provavelmente, usará sondas urinárias (ou dispositivos semelhantes) e fraldas higiênicas.

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