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(13/09) ARTIGO: É Preciso confiar na imprensa

*Texto de Marcelo Teixeira publicado no jornal O Liberal Regional (13/09/2018)

Corrupção sistêmica, controvérsias judiciárias, avalanche de fake news, disseminação da intolerância, tudo justifica a queda na confiança da população brasileira em praticamente todas as instituições avaliadas, identificada no mais recente relatório ICJ Brasil (Índice de Confiança na Justiça), da Faculdade de Direito da FGV. Para além do nome, o trabalho reúne dados relativos a outras instituições e retrata a confiança do cidadão em cada uma delas – ou seja, se ele acredita que elas cumprem as suas funções com qualidade, eficiência, imparcialidade e honestidade.

O resultado é muito interessante e merece reflexão. De 14 instituições listadas, a mais confiável são as Forças Armadas, seguida da Igreja Católica, redes sociais e imprensa, nesta ordem. As de menor confiança, sindicatos, Congresso Nacional, partidos políticos e, amargando a lanterna, o Governo Federal. É perturbador ver as redes sociais à frente do jornalismo. Porém, dado o clima de desesperança escancarado nesta campanha eleitoral, é preciso relevar e refletir.

Vale lembrar de outra pesquisa, realizada em 2007, que, apesar da década que a separa dos tempos atuais, pode ser facilmente aplicada hoje. A "Openness & Accountability: A study of transparency in global media outlets", realizada pelo International Center for Media and the Public Agenda (ICMPA), da University of Maryland, pesquisou os sites de notícias das 25 principais empresas de mídia dos Estados Unidos, Inglaterra e do Oriente Médio.

As conclusões incluem uma afirmação do jornalista Sydney Schanberg, vencedor do prêmio Pulitzer: "A imprensa (mídia) pede transparência para governos, corporações e para todos. Mas (…) os repórteres rejeitam transparência para eles mesmos, e ainda dizem que estão praticando bom jornalismo. O público precisa da explicação completa, que só pode ser dada pelos próprios repórteres".

O recado é bem claro. O jornalismo, o veículo de comunicação e o jornalista têm que ser transparentes, deixando claro para o leitor, o ouvinte, o telespectador, o internauta, quais as relações de repórteres, editores e diretores do veículo com as suas fontes. É necessário jogar luz sobre os conflitos de interesses. É preciso ter coragem e caráter.

Como atividade essencial para o debate de questões de interesse público nas sociedades democráticas, o jornalismo não pode ficar atrás das redes sociais em nenhum ranking de confiança. Somente com transparência, apuração de dados e critério na divulgação dos fatos, a imprensa conseguirá ainda ter credibilidade, que é o que faz com que a notícia seja notícia, um fato crível e não um boato, permitindo à sociedade vislumbrar a percepção da realidade.

*Marcelo Teixeira é jornalista e empresário do setor de comunicação corporativa

 


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