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Hospital Psiquiátrico Benedita Fernandes pode encerrar as atividades a qualquer momento

Uma das entidades assistenciais mais antigas e tradicionais de Araçatuba e da região, a Associação das Senhoras Cristãs está enfrentando dificuldades financeiras para manter o Hospital Psiquiátrico Benedita Fernandes (HBF), a maior casa de saúde do gênero do Oeste Paulista. Há mais de seis anos sem reajuste da tabela de valores do Sistema Único de Saúde (SUS) e com custos crescentes, como salários e insumos, cujos reajustes são ditados por índices oficiais, o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva da Associação convivem com um déficit orçamentário que fatalmente vai obrigar a entidade a encerrar suas atividades.

O custo mensal médio do HBF gira em torno de R$ 460 mil, sendo que a maior despesa é com a folha de pagamento, que consome cerca de R$ 380 mil. Os conselheiros e diretores da entidade não são remunerados. Ocorre que a receita média mensal não chega a R$ 240 mil, sendo a maior parte proveniente do Sistema Único de Saúde (SUS) – R$ 227 mil. Portanto, o déficit mensal é de quase R$ 225 mil. Atualmente, o hospital não acumula dívidas, pois vem utilizando saldo de fundo de reserva – fruto de uma administração austera, ao longo dos anos.

Na tentativa de encontrar uma solução para não deixar desamparados aproximadamente 160 pacientes atendidos mensalmente (150 por meio de convênio com o SUS e 10 por meio de outros convênios e atendimento particular), a diretoria elaborou três projetos, sendo um para a transformação do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas II (CAPS-AD II) para CAPS-AD III (24 horas), outro para a implantação de um CAPS III (Transtorno Mental, também 24 horas), e um terceiro para a criação do Serviço Residencial Terapêutico (SRT).

Os novos equipamentos podem suprir o atendimento no caso de fechamento do HBF. As propostas vêm ao encontro do movimento de reforma psiquiátrica proposto pelo Ministério da Saúde, que preconiza a organização dos serviços extra-hospitalares em detrimento à internação integral. Os projetos e solicitações de implantação já foram protocolados pela Associação junto à Prefeitura de Araçatuba e aguardam resposta do poder público.

Novos serviços

Tanto o CAPS-AD III quanto o CAPS III (Transtorno Mental) oferecem atenção contínua, diariamente, durante 24 horas, inclusive feriados e finais de semana. Os dois serviços recebem o usuário, fazendo sua inserção no regime que melhor atenda às suas necessidades de acordo com a Lei 10.216. Já o Serviço Residencial Terapêutico é uma casa, inserida na comunidade, para pessoas internadas por longo período de tempo em hospitais psiquiátricos, que serão acompanhadas por equipe composta de acompanhantes diurnos e noturnos e um coordenador. O trabalho do SRT altera a lógica do sistema manicomial, buscando impedir a institucionalização da pessoa que necessita de atenção em saúde mental, garantindo o cuidado em liberdade e a inclusão social.

Os três espaços terapêuticos oferecem atenção intensiva e, de acordo com a Diretoria da Associação, com suas implantações a Entidade visa substituir gradativamente as internações integrais por serviços abertos que permitam que o paciente se trate sem precisar ficar fora de seu ambiente familiar, além de amenizar o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e à dependência química. Firmados os convênios, a Associação das Senhoras Cristãs tem a responsabilidade de contratar a equipe e gerenciar o serviço, prestando mensalmente conta à Prefeitura de Araçatuba das atividades desenvolvidas.

O HBF

Inaugurado em 06/03/1932, o Hospital Psiquiátrico Benedita Fernandes surgiu com a finalidade de acolher e atender pessoas em estado de vulnerabilidade física, mental ou outras necessidades assistenciais.

Em 2014, foram atendidos mensalmente, de janeiro a outubro, 1753 pacientes, provenientes de diversas cidades, como Alto Alegre, Andradina, Araçatuba, Auriflama, Avanhandava, Barbosa, Bento de Abreu, Bilac, Birigui, Braúna, Brejo Alegre, Buritama, Castilho, Coroados, Clementina, Gabriel Monteiro, Glicério, Guaraçaí, Guararapes, Guzolândia, Ilha Solteira, Itapura, Lavínia, Lourdes, Luiziânia, Mirandópolis, Murutinga do Sul, Nova Castilho, Nova Independência, Nova Luzitânia, Penápolis, Pereira Barreto, Piacatu, Rubiácea, Santo Antônio do Aracanguá, Santópolis do Aguapeí, Sud Menucci, Suzanápolis, Valparaíso e Turiúba. Quase 60% das internações de 2014 foram de dependentes com problemas com álcool e outras drogas.

Além da dependência química, as enfermidades mais comuns são esquizofrenia e outros transtornos delirantes, correspondendo a pouco mais de 17% de transtornos de humor e 14%, de depressão. O quadro de funcionários inclui 137 profissionais, sendo 15 no setor administrativo, 15 médicos, 53 do setor de enfermagem, 12 na cozinha, 23 na limpeza, três na manutenção, 12 técnicos (assistentes sociais, psicólogos e terapeutas), e quatro na farmácia.


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